terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Arte Africana
A arte africana envolve um espectro diferenciado, desde representações em pinturas, esculturas e objetos ornamentais de uso permanente e cotidiano para comemorar os ancestrais, cultuar as forças naturais, invocar forças vitais, propiciar boas colheitas, até objetos em geral que acompanham os ritos, as danças e as cerimônias religiosas em sua ampla gama de singularidades.
Na maior parte da literatura sobre essa produção estética uma grande ênfase foi colocada sobre o caráter utilitário e religioso da mesma. Quase todos os autores são unânimes em afirmar que a expressão "arte’ não tem sentido nessas sociedades, porém BALOGUN assim a interpreta:
Tem sido frequentemente dito que a arte era uma linguagem universal, capaz de franquear todas as distâncias e de transmitir uma mensagem a todos os homens, fosse qual fosse a sua raça ou fé. Por mais sedutora que esta imagem possa parecer, não deixa, por isso de ser verdade que, tal como muitas vezes o verificamos, numerosas obras de arte estão estreitamente ligadas aos fatores sociais, históricos e específicos da sociedade nas quais surgiram e se desenvolveram que não são imediatamente acessíveis àqueles que são estranhos ao meio no qual elas se formaram. Sucede, por vezes, que a obra de arte perde mesmo todo o seu poder de comunicação quando é apresentada num quadro diferente daquele em que surgiu. A linguagem de uma obra de arte, isto é, a sua forma, pode ser totalmente indecifrável para aqueles que não possuem em comum com ela os elementos que permitem interpretá-la, ... Mesmo se se compreender a forma de que se reveste uma dada obra de arte afim de estabelecer uma comunicação, nada garante que o conteúdo real da mensagem da qual ela é o veículo seja acessível àquele que permanece estranho ao clima que presidiu à sua criação.
E prosseguindo:
... (1977:37,38). A linguagem da arte só ganha em caráter universal se se conhecer o contexto histórico e sócio-cultural no qual cada obra de arte foi realizada ou, pelo menos, se se estiver disposto a esquecer por alguns instantes os critérios que herdamos dos nossos antepassados.
(balogun, 1977: 37,38)
Autores contemporâneos a tem analisado já com esta visão, isto é, conhecendo primeiro as representações plásticas de cada grupo das distintas civilizações que conformam o continente, a exemplo citamos MONTIEL:
Esta "arte" tem estado sempre vinculada ao desenvolvimento das capacidades técnicas ou artesanais e às formas econômicas, com as relações sociais e as instituições que regem os vínculos entre os membros de uma sociedade. Por isso, expressa a capacidade no trabalho de metais, madeira, conchas, pedras, etc. Em síntese, na arte encontram-se todas as representações coletivas. (montiel,1992:28)
As máscaras são as formas mais conhecidas da plástica africana. Constituem síntese de elementos simbólicos mais variados se convertendo em expressões de vontade criadora do africano; foram os objetos que mais impressionaram os povos europeus desde as primeiras exposições em museus do Velho Mundo, através de milhares de peças saqueadas do patrimônio cultural da África, embora sem reconhecimento de seu significado simbólico.
Uma máscara é um ser que protege quem a carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou de um animal, no momento de sua morte.
A máscara transforma o corpo do bailarino que conserva sua individualidade e, servindo-se dele como se fosse um suporte vivo e animado, encarna a outro ser; gênio, animal mítico que é representando assim momentaneamente (laude,1968:144)

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